quinta-feira, 10 de março de 2011

NÃO SIGA MAPAS, FAÇA MAPAS!

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Desde cedo envolvido com a navegação, Cristóvão Colombo realizou suas primeiras viagens em Gênova, norte da Ítala. Durante 10 anos estudou na biblioteca do sogro sobre rotas marítimas e desenvolveu suas crenças na existência de novas terras. Convencido de que nosso planeta era esférico, propôs aos reis da Espanha uma viagem inusitada e, em 1485, eles resolveram acreditar no seu projeto.

Naquela época, não só Portugal, mas outras nações buscavam uma passagem marítima para o Oriente, com vistas a poderem comercializar diretamente com a Índia. E foi assim, guiado por este espírito empreendedor que Colombo, em 15 de fevereiro de 1493, descobriu a América, aportou no “Novo Mundo”.

O que esta ilustração do navegador genovês tem a nos dizer? Muito, sobretudo em tempos em que as pessoas deixaram completamente as Escrituras – mapas – e passaram a “navegar” em mares revoltos, levados por embarcações de “bandeira” duvidosa, sendo guiadas por “piratas” roubadores.

“Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra; luz para os meus caminhos”. Sempre acreditei que a Bíblia é uma bússola capaz de nos conduzir por todo tipo de rota, mesmo as mais perigosas. Ela pode livrar-nos das tempestades, dos rochedos, das correntes, bancos de areia e outras desventuras que levam muitas “embarcações” as ruínas.

Francamente, só posso comparar o tempo atual com a era das trevas da idade média. Nesta fase negra do cristianismo, os livros, e com eles as Sagradas Escrituras, eram de acesso restrito ao clero, ficando guardados em conventos e monastérios. Isto obviamente tinha um propósito: manter a população ignorante, pois assim era mais fácil ela ser manipulada para crer em mitos, dogmas e outras superstições sem qualquer questionamento. Melhor para a “igreja”, que dominava não só a religião, mas também a política; mandava no “reino dos céus” e nos reinos da Terra!

A “farra”, todavia, terminaria em 1517, com a Reforma Protestante. Marinho Lutero, o pioneiro “contraventor” e proponente das principais mudanças, tinha como uma de suas principais preocupações colocar a Bíblia nas “mãos do povo”. Assim, traduzida para o vernáculo alemão e, impulsionada pela imprensa de Guttemberg, as Escrituras em pouco tempo já podia ser lida em inglês, francês e espanhol.

Passados alguns séculos, com o que nos deparamos? Caos! O esforço de milhares de pessoas que deram suas vidas para que exemplares da Bíblia pudessem chegar até nós é tratado com desdém e desprezo pela grande maioria dos cristãos. Como pastor, já me acostumei a ver as famílias chegando à igreja sem que nenhum de seus membros traga nas mãos um único exemplar que seja das Escrituras.

Este afastamento, obviamente, trouxe conseqüências. E quais são elas? Uma legião de incautos, de ignorantes espirituais, bebês necessitados de leite, pessoas facilmente manipuladas e levadas por qualquer “vento de doutrina”. Ora, não há cenário mais favorável para florescer todo tipo de heresia e seitas as quais movem milhares de pessoas em torno de seus interesses econômicos, off course! Manipular o sagrado sempre foi um excelente negócio e os “piratas do caribe” sabem muito bem do que estou falando...

“Quanto a vocês, a unção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele como ele os ensinou”. 1ª Jo. 2:27.

Este é um dos textos da Bíblia mais mal interpretados que eu conheço. Sobre ele já vi todo tipo de esquisitice: há os que afirmam que só pessoas batizadas no Espírito Santo conseguem entender a Bíblia; outros dizem que agora já não precisam mais de mestres nem de quem os ensine, pois são capazes de entender qualquer coisa. Eu, todavia, afirmo como diria Aristóteles, “a sabedoria está no centro”...

Se você prestar atenção ao texto todo, verá que o problema é facilmente resolvido. Veja o verso 24: “Quanto a vocês, cuidem para que aquilo que ouviram desde o princípio permaneça em vocês...”. Ou seja, João está afirmando que ambas as coisas são importantes: o ensino que é transmitido pelos “mestres” da igreja, e também a unção do Espírito nos guiando a verdade através da revelação das Escrituras.

Mas o que temos hoje? Temos o show da fé! Temos o banho de sal grosso! A água do Jordão! A sessão do descarrego! As maldições hereditárias, “curas interiores”, rosa ungida, pseudo milagres, catarse como manifestação de adoração, fanatismo como prática institucionalizada, cegueira como meio de se perceber a “verdade”, consciências cauterizadas, ouvidos tapados, olhos vendados. Chega de tudo isto! Não siga mapas. Faça mapas!

Na minha opinião há três fatores que corroboram para o cenário atual: (1) a acomodação da grande maioria dos cristãos, que delega aos seus líderes a condução de suas vidas e a atribuição de toda a responsabilidade a eles por aquilo que devem ou não fazer; (2) o eterno jogo de empurra, ou seja, a falta de disciplina para uma leitura sistematizada e profunda das Escrituras, uma vez que isto leva tempo, exige local adequado, material de apoio, etc.; (3) o retorno ao clericalismo medieval, que nada mais é do que pastores e líderes acharem-se os únicos capazes de ler e interpretar a Bíblia, passando para o povo aquilo que eles acreditam ser a “verdade”.

Identificar as causas é fácil; corrigir o problema não. Aliás, a solução passa por um conjunto de ações que levam tempo e exigem esforço para ser implementadas. Deixar este tema para depois é investir no total desaparelhamento da liderança leiga das igrejas, no desmantelamento das EBD´s, no esvaziamento dos discipulados ou pequenos grupos, e na falta de interesse dos crentes a freqüentar cultos de doutrina ou atividades correlatas.

Não sei se você já notou, mas existem muitos “navios piratas” navegando nos mares por aí. Sua bandeira não é a cruz, mas a caveira, seus comandantes não são pastores, mas lobos vorazes, seu desejo não é o de desvelar “tesouros” para a alma, dádivas para o coração, bênçãos para o ser. Muito pelo contrário, eles estão atrás de ouro, prata e bronze! Por isso, cuidado com a carteira! Quanto a mim, já tomei minha decisão: vou ficar bem longe de tudo isto... Tenho medo de ser fotografado ao lado dessa gente, como se fosse “papagaio de pirata”. Credo!

Carlos Moreira
Fonte: http://www.genizahvirtual.com

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